O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu interromper a sequência de cortes na taxa básica de juros, a Selic, mantendo-a em 10,5% ao ano. Essa decisão era amplamente esperada pelo mercado financeiro, dado o aumento das incertezas econômicas e a recente alta do dólar.
Desde agosto do ano passado, o Copom vinha reduzindo a Selic de forma consistente, totalizando sete cortes consecutivos. Inicialmente, os cortes eram de 0,5 ponto percentual por reunião, mas em maio deste ano, a redução foi menor, de 0,25 ponto percentual. A interrupção do ciclo de cortes ocorre após uma análise cuidadosa do cenário econômico, tanto doméstico quanto global.
A decisão unânime do Copom foi justificada pelo aumento da inflação doméstica e a necessidade de maior cautela diante das expectativas econômicas desancoradas. O comunicado do comitê destacou que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho mostram um dinamismo maior do que o esperado, enquanto a inflação ao consumidor tem seguido uma trajetória de desinflação, embora as medidas de inflação subjacente estejam acima da meta.
A manutenção da Selic em 10,5% representa o menor nível desde fevereiro de 2022, quando a taxa estava em 9,75% ao ano. Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas para conter a alta nos preços de alimentos, energia e combustíveis. De agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete reuniões consecutivas antes de iniciar os cortes.
Historicamente, a Selic atingiu seu menor patamar em agosto de 2020, quando estava em 2% ao ano, devido à necessidade de estimular a economia durante a pandemia de covid-19. Esse nível foi mantido até março de 2021.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, o IPCA subiu para 0,46%, acumulando uma alta de 3,93% nos últimos 12 meses, afastando-se do centro da meta de 3% para este ano. A projeção do Banco Central para a inflação de 2024 é de 3,5%, mas essa estimativa foi feita antes da recente alta do dólar e das enchentes no Rio Grande do Sul.
A manutenção da Selic em um nível relativamente alto visa controlar a inflação, mas também tem um impacto direto na economia, tornando o crédito mais caro e incentivando a poupança. Essa medida é necessária para assegurar que os preços não subam de forma descontrolada. No entanto, quando a Selic é reduzida, o crédito se torna mais barato, incentivando a produção e o consumo, mas com o risco de pressionar a inflação.
Para 2024, o Banco Central aumentou a projeção de crescimento econômico para 1,9%, enquanto o mercado financeiro, segundo o boletim Focus, prevê um crescimento de 2,08% do PIB. A taxa Selic continua a ser uma ferramenta crucial na gestão da política monetária do país, equilibrando a necessidade de controlar a inflação com o estímulo ao crescimento econômico.
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