O gangstalking é um fenômeno complexo e perturbador, no qual indivíduos acreditam estar sendo perseguidos de forma sistemática por grupos ou entidades que têm a intenção de prejudicá-los. Esse fenômeno é marcado por uma série de comportamentos que, embora não tenham base em provas concretas, são vividos de maneira intensa e dolorosa pelas pessoas que se identificam como vítimas.
A história de R.S.B., uma mulher de Salvador, Bahia, ilustra bem o sofrimento associado ao gangstalking. Em 2012, R.S.B. começou a relatar na internet sua crença de que estava sendo alvo de “armas psicotrônicas”, dispositivos que, segundo ela, eram usados por traficantes para causar-lhe dor e sofrimento. R.S.B. acreditava que esses dispositivos podiam ler seus pensamentos e controlar suas ações, tornando sua vida um tormento constante.
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O gangstalking se diferencia do crime de perseguição comum, tipificado na legislação brasileira, pois não se baseia em evidências concretas. Em vez disso, está frequentemente associado a delírios e alucinações, muitas vezes entrelaçados com teorias da conspiração. As pessoas que se identificam como indivíduos-alvo (ou target individuals) acreditam que seus “perseguidores” utilizam tecnologia avançada para afetar seus sistemas nervosos, ler suas mentes e controlá-las.
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Com a expansão da internet, esse tipo de crença encontrou um ambiente propício para se espalhar. R.S.B., por exemplo, não estava sozinha em sua dor. Em fóruns e comunidades online, outras pessoas de diversas partes do mundo compartilhavam experiências semelhantes, reforçando suas convicções.
A internet também facilitou a criação de associações e grupos dedicados à defesa dos indivíduos que acreditam ser vítimas do gangstalking. No Brasil, existem pelo menos duas entidades registradas com o propósito de proteger essas pessoas, uma em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, e outra em Recife, Pernambuco. Essas associações promovem reuniões e ações junto a órgãos públicos, na tentativa de obter reconhecimento legal para o gangstalking como um fenômeno real.
Apesar das crenças dessas pessoas, especialistas em saúde mental alertam para a necessidade de tratar esses casos com sensibilidade e empatia. O professor Paulo Dalgalarrondo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), observa que a crença em ser perseguido é um tipo comum de delírio, frequentemente associado a experiências sensoriais intensas, como alucinações. Para esses profissionais, a organização desses indivíduos em comunidades online é um fenômeno preocupante, que pode exacerbar os sintomas psicóticos.
A situação de R.S.B., que chegou a participar de eventos públicos e a abordar autoridades em busca de ajuda, é um exemplo do quão devastador pode ser o impacto do gangstalking na vida de uma pessoa. Embora a ciência ainda não reconheça o gangstalking como uma condição distinta, é inegável que aqueles que acreditam serem vítimas desse fenômeno sofrem profundamente.
É fundamental que essas pessoas recebam apoio psicológico adequado. Profissionais de saúde mental, amigos e familiares devem estar atentos a sinais de delírios persecutórios e alucinações, buscando oferecer o suporte necessário para que essas pessoas possam encontrar um caminho para o bem-estar mental.
Texto adaptado por Agência Brasil.
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