Fósseis de pegadas de dinossauros encontradas no Brasil e na África revelam uma conexão fascinante entre os dois continentes, que atualmente estão separados por mais de seis mil quilômetros de oceano Atlântico. Pesquisadores identificaram mais de 260 pegadas idênticas em ambos os lugares, mostrando que, há cerca de 120 milhões de anos, dinossauros caminhavam livremente entre o que hoje são o Nordeste do Brasil e a região de Camarões, na África.
Essas pegadas datam do período Cretáceo Inferior, entre 145 milhões e 100 milhões de anos atrás, e foram encontradas preservadas em antigos leitos de rios e lagos. Durante esse tempo, o supercontinente Gondwana, que mais tarde se tornaria parte da Pangeia, abrigava uma vasta gama de vida, incluindo os dinossauros. Com a lenta separação de Gondwana, a África e a América do Sul começaram a se afastar, mas durante um tempo ainda compartilhavam ecossistemas semelhantes.
A maioria das pegadas identificadas foi deixada por dinossauros terópodes, que eram principalmente bípedes e antepassados das aves modernas. Com três dedos em cada pata, esses dinossauros caminhavam por paisagens repletas de vegetação densa, semelhante a uma floresta tropical. Algumas pegadas também parecem ter sido deixadas por saurópodes, conhecidos por seus corpos gigantescos e caudas e pescoços longos, além de dinossauros do grupo Ornithischia, que tinham uma estrutura de bacia parecida com a das aves.
Os registros fósseis foram descobertos em áreas de lama e lodo que antes formavam as margens de rios e lagos do Gondwana. Essas condições favoráveis permitiram que as pegadas fossem preservadas por milhões de anos. As evidências de antigas bacias hidrográficas, conhecidas como hemi-graben, foram encontradas tanto na região de Borborema, no nordeste do Brasil, quanto na bacia Koum, no norte de Camarões. Essas bacias, formadas por falhas geológicas, criavam vales onde se acumulava a água dos rios, atraindo dinossauros em busca de alimento e água.
As regiões eram ricas em vegetação, atraindo herbívoros de todos os tamanhos, que por sua vez eram seguidos pelos carnívoros em busca de presas. Esse ambiente cheio de vida favoreceu a migração e o intercâmbio de espécies entre o que hoje são dois continentes separados. No entanto, o movimento das placas tectônicas acabou por separar África e América do Sul definitivamente, interrompendo essas migrações e deixando como legado essas pegadas, que hoje ajudam os cientistas a entender melhor como era a vida no passado.
Essas descobertas não apenas revelam o comportamento dos dinossauros e seus padrões de movimento, mas também oferecem uma janela para um tempo em que os continentes estavam conectados, e a Terra tinha uma configuração muito diferente da atual.
Entre na comunidade do AGORA FLORIPA e receba informações gratuitas no seu Whatsapp!