As mudanças climáticas estão se tornando um desafio cada vez maior para os produtores de alimentos no Brasil, e os impactos podem ser sentidos diretamente no bolso do consumidor já em 2024. O clima instável, com períodos alternados de calor intenso, frio e seca, tem afetado a produtividade de diversas culturas, especialmente as frutas cítricas, como laranjas e limões. Esses produtos são altamente sensíveis a variações climáticas, e a falta de umidade pode favorecer o surgimento de doenças que comprometem as plantações, como o Cancro Cítrico e o Greening, que já obrigaram a erradicação de milhões de pés este ano em São Paulo.
Com a continuidade de condições climáticas adversas, a previsão é de que os preços no atacado comecem a subir a partir de outubro, afetando logo em seguida os valores nos supermercados. As frutas cítricas, que já enfrentam dificuldades no ciclo de colheita, devem ser as primeiras a sentir o impacto, mas hortaliças e legumes também podem sofrer aumentos, principalmente com a chegada do verão. Embora o clima seco tenha favorecido a colheita de algumas hortaliças nas últimas semanas, a falta de chuvas prejudica o ciclo de plantio e crescimento das plantas, o que pode levar a uma menor oferta e, consequentemente, a preços mais altos.
Além dos desafios para os consumidores, os pequenos produtores rurais são os mais afetados. Diferente dos grandes produtores, eles não têm a mesma capacidade de diversificação de culturas nem capital de giro para suportar os prejuízos causados pelas variações climáticas. Com essa incerteza, muitos estão arriscando menos, plantando áreas menores e evitando novos investimentos, o que pode impactar ainda mais a oferta de alimentos no futuro.
Apesar da recente queda nos preços de produtos da cesta básica, como tomate e batata, registrada nos últimos dois meses, a perspectiva de aumento nos valores segue presente. O clima nas próximas semanas será determinante, e o sucesso da produção depende não apenas da quantidade de chuvas, mas também de sua distribuição adequada em todas as áreas de cultivo. O histórico recente de flutuação climática mostra que o produtor rural está cada vez mais exposto à imprevisibilidade do tempo, dificultando o planejamento adequado das safras.
Além dos problemas no campo, o estado de São Paulo tem enfrentado uma série de incêndios desde agosto, favorecidos pelo tempo seco. Embora as chuvas recentes e o esforço das autoridades tenham conseguido reduzir em 88% os focos de incêndio na última semana, algumas áreas ainda permanecem vulneráveis, principalmente no norte do estado. As queimadas, além de prejudicarem o meio ambiente, também afetam a produção agrícola, agravando ainda mais a situação dos produtores e, por consequência, dos preços dos alimentos.
Com os efeitos das mudanças climáticas se tornando cada vez mais evidentes, os desafios para garantir uma produção agrícola estável e acessível para a população são grandes. O consumidor deve se preparar para possíveis aumentos de preços, enquanto os produtores enfrentam um cenário de incerteza e adaptação constante.
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