O Banco Central decidiu aumentar a taxa Selic para 10,75% ao ano, marcando o primeiro aumento em mais de dois anos. O Comitê de Política Monetária (Copom) justificou a medida como resposta a pressões econômicas, como a alta do dólar e as incertezas em relação à inflação. Esse ajuste, de 0,25 ponto percentual, já era esperado pelo mercado financeiro, e segue uma série de cortes que ocorreram entre agosto do ano passado e maio deste ano, quando a Selic chegou a 10,5%.
A elevação dos juros foi motivada por vários fatores: o crescimento econômico acima do esperado, pressões no mercado de trabalho e uma inflação que mostra sinais de sair do controle. O Banco Central também destacou que a economia está operando próximo ou até acima da sua capacidade produtiva, o que pode pressionar ainda mais os preços. A decisão de aumentar a Selic visa justamente conter essas pressões inflacionárias.
A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, que no Brasil é medida pelo IPCA. Recentemente, o IPCA registrou queda de 0,02%, mas esse alívio temporário foi resultado de uma redução no preço da energia. Já para os próximos meses, as previsões indicam uma retomada na alta dos preços, especialmente devido ao aumento das tarifas de luz, com a bandeira tarifária vermelha, e à seca prolongada, que deve impactar os preços dos alimentos.
Com essa situação, as expectativas de inflação para 2024 estão em torno de 4,35%, segundo o Banco Central. Isso coloca a inflação bem próxima do teto da meta, que é de 4,5%. O mercado também está mais cauteloso, prevendo que a inflação oficial ficará em 4,35% até o final deste ano, refletindo as pressões de uma economia que ainda enfrenta desafios tanto internos quanto externos.
O aumento da Selic tem um impacto direto no bolso dos brasileiros, pois encarece o crédito, como empréstimos e financiamentos, o que pode desestimular o consumo e reduzir a produção. Ao mesmo tempo, essa política ajuda a controlar a inflação, pois desestimula o consumo excessivo e o endividamento, o que tende a segurar a alta dos preços.
Por outro lado, o cenário para o crescimento econômico também fica mais desafiador com os juros elevados. Embora o Banco Central tenha aumentado sua projeção de crescimento para 2,3% em 2024, o mercado prevê uma expansão ainda maior, de 2,96%, segundo o boletim Focus. Mesmo com esse otimismo, o aumento da Selic pode frear parte desse crescimento, tornando o crédito mais caro e as condições para investimento menos favoráveis.
A Selic, portanto, exerce um papel central no equilíbrio da economia. Quando elevada, controla a inflação, mas pode desacelerar o crescimento. Quando reduzida, estimula o consumo e o crédito, mas há o risco de descontrole inflacionário. O desafio do Banco Central é encontrar o ponto de equilíbrio para manter a inflação sob controle sem sufocar o crescimento econômico.
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