Um novo relatório da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revela um sério desafio na busca por equidade racial entre seus servidores. Se a universidade mantiver o atual ritmo de contratações, levará até 150 anos para atingir o mínimo de 20% de servidores negros, conforme exigido por lei. Entre os docentes, esse percentual pode ser alcançado apenas em 2173, segundo as projeções do documento.
Atualmente, 16,4% dos servidores técnico-administrativos e apenas 9,1% dos professores da UFSC se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas, números ainda distantes da meta de 20% estipulada pela Lei 12.990/2014, que reserva vagas para negros em concursos públicos. O relatório aponta que, nos últimos dez anos, apenas 1,7% dos docentes empossados são negros, refletindo uma sub-representação alarmante.
Pesquisadores da UFSC ressaltam a urgência de revisar as políticas de concursos públicos, sugerindo mudanças para garantir que as vagas sejam ocupadas de maneira equitativa por pessoas negras. O documento também destaca que outras universidades federais no Brasil já começaram a adotar medidas antirracistas em seus processos de contratação para alcançar esse objetivo.
A vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, chama a atenção para o impacto do racismo institucional na universidade e reforça o compromisso da atual gestão em eliminar as barreiras que ainda existem nas práticas administrativas e acadêmicas. Ela afirma que a mudança não depende apenas de leis, mas também de um esforço coletivo da comunidade universitária para criar um ambiente mais justo e igualitário.
No âmbito estudantil, a UFSC tem apresentado um aumento gradual de estudantes negros, pardos e indígenas, graças às políticas de ações afirmativas. No entanto, o relatório mostra que ainda há desigualdade na distribuição de bolsas e estágios entre estudantes brancos e negros, evidenciando a necessidade de continuar aprimorando essas políticas.
O estudo recomenda a criação de ações concretas e urgentes para acelerar o processo de inclusão racial na UFSC, como a revisão dos editais de concursos e a garantia de que as vagas destinadas a pessoas negras sejam cumpridas. Além disso, o relatório reforça a importância de manter o monitoramento contínuo e a avaliação das políticas de enfrentamento ao racismo institucional.
A UFSC, que foi pioneira na reserva de vagas para estudantes negros antes mesmo da legislação federal, continua buscando maneiras de avançar na direção da equidade, tanto para estudantes quanto para servidores. O caminho para a igualdade racial, no entanto, ainda é longo, e exige comprometimento, planejamento e ação por parte de todos os setores da universidade.
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