Santa Catarina, historicamente destacada por indicadores socioeconômicos favoráveis, teve sua estrutura social e econômica profundamente impactada pela pandemia de Covid-19. Um estudo conduzido pelo Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), detalhou como a crise sanitária ampliou a pobreza e revelou fragilidades estruturais no estado.
O professor Lauro Mattei, coordenador do Necat, explicou que o projeto Análise dos impactos da pandemia sobre as condições sociais da população catarinense foi desenvolvido para atender às demandas por análises sobre a queda de renda e a ampliação da pobreza no estado. O relatório final está previsto para dezembro de 2024.
Revisão sobre a mensuração da pobreza
Um dos destaques da pesquisa foi a publicação Existe forma adequada de medir a pobreza?, que comparou abordagens monetárias e multidimensionais. A abordagem monetária, amplamente utilizada, mede a pobreza com base na renda, mas ignora outros fatores como educação, saúde e condições de moradia. Já a abordagem multidimensional, inspirada nos trabalhos de Amartya Sen e utilizada pelo Índice de Pobreza Multidimensional (MPI), avalia privações em diversas áreas.
O estudo revelou que, embora Santa Catarina apresente baixos índices de pobreza monetária em comparação a outros estados, a análise multidimensional expõe desigualdades significativas no acesso a serviços básicos, destacando a necessidade de políticas públicas mais abrangentes.
Pobreza e Cadastro Único
Entre 2014 e 2022, o número de famílias catarinenses registradas no Cadastro Único (CadÚnico) cresceu 21,81%, passando de 528.942 para 644.286 famílias. A região Serrana se destacou por registrar uma das maiores proporções de famílias cadastradas, enquanto a Grande Florianópolis teve o maior crescimento percentual nos registros, evidenciando as desigualdades regionais.
Impactos no mercado de trabalho
O mercado formal de trabalho sofreu retração significativa no início da pandemia, com a perda de 112 mil postos formais em 2020. Setores como comércio e serviços foram os mais afetados, enquanto atividades essenciais, como supermercados e saúde, apresentaram resiliência. Em 2021, a recuperação parcial trouxe um saldo positivo de 144 mil vagas formais, impulsionado por setores como comércio e construção civil.
Recomendações
O estudo aponta que a adoção de indicadores multidimensionais, como o MPI, pode melhorar a identificação de necessidades e a alocação de recursos para políticas sociais mais eficazes. Além disso, destaca a importância de estratégias regionais para combater a pobreza e ampliar o acesso a serviços essenciais.
Com a finalização do relatório prevista para dezembro, espera-se que os resultados contribuam para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e alinhadas às necessidades da população catarinense.
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