Os eventos extremos que afetaram o litoral de Santa Catarina nos últimos dias, incluindo a Grande Florianópolis, expõem as dificuldades na previsão de fenômenos como as lestadas. De acordo com uma pesquisadora da UFSC especialista em mudanças climáticas, essas ocorrências são locais e difíceis de antecipar com precisão devido a lacunas no conhecimento científico e à limitação de tecnologias disponíveis.
Fenômeno difícil de monitorar
As lestadas são fenômenos atmosféricos característicos da região, formados por nuvens que escapam da detecção por satélites meteorológicos. Embora radares possam auxiliar na identificação de padrões climáticos, sua eficácia na previsão ainda depende de maior capacitação e investimento em recursos humanos. A falta de estudos focados em eventos locais, como os do Hemisfério Sul, também contribui para a dificuldade de compreender e prever tempestades dessa magnitude.
Mudanças climáticas ampliam desafios
A pesquisadora destaca que eventos extremos, como o volume de chuva registrado em Santa Catarina, estão se tornando mais frequentes devido às mudanças climáticas. O acúmulo de 200 milímetros de chuva em um período de 12 a 18 horas, por exemplo, era extremamente raro no passado. Contudo, fenômenos como La Niña podem aumentar a predisposição a chuvas intensas, embora sua localização exata continue difícil de prever.
Além disso, as mudanças climáticas desafiam os modelos de previsão, que utilizam dados históricos para simular cenários. Com o presente se afastando cada vez mais das condições do passado, as previsões enfrentam limitações significativas.
Planejamento urbano é crucial
Mesmo com alertas meteorológicos mais precisos, a mitigação dos impactos exige planejamento urbano de longo prazo. Muitas cidades, como Florianópolis, não estão preparadas para enfrentar chuvas intensas devido a decisões que priorizam o crescimento desordenado. Planos diretores recentes, por exemplo, têm permitido construções em áreas de encosta e preservação, agravando problemas como enchentes e deslizamentos.
A solução, segundo a pesquisadora, está em estratégias urbanísticas que priorizem a preservação ambiental. Cidades esponjas, como as implementadas em países asiáticos, são um modelo a ser seguido. Elas integram áreas verdes, manguezais e parques ecológicos para absorver melhor o impacto das chuvas e reduzir os danos.
Investir em prevenção e ciência
Para proteger regiões como a Grande Florianópolis e o litoral catarinense, é fundamental fortalecer a defesa civil, aprimorar as previsões meteorológicas e adotar práticas sustentáveis no planejamento urbano. Preservar e restaurar áreas de mata nativa, ampliar a arborização e incorporar soluções naturais às cidades são passos essenciais para minimizar os impactos de eventos extremos no futuro.
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