Médicos e pais estão preocupados e não é por acaso. Ano após ano, cresce o número de crianças e jovens nos consultórios com diagnóstico de diabetes, doença crônica associada a diversos outros problemas de saúde, como os acidentes vasculares, o infarto, entre outros. A prevenção é essencial – e passa pela mudança de hábitos desde muito cedo. “Ainda na gestação a mulher precisa estar atenta principalmente à qualidade da alimentação”, diz a endocrinologista pediátrica, Rose Marie Linhares. Entrevistada do podcast Sua Saúde, produzido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-SC), ela destacou a importância da rotina saudável.
A diabetes se manifesta de duas maneiras. O tipo 1 é autoimune – associado a fatores genéticos. Sem que haja uma causa já identificada com exatidão, o organismo diminui a produção de insulina, hormônio essencial para o metabolismo do açúcar. Em pouco tempo, a criança apresenta sintomas como aumento da sede e da frequência urinária, perda de peso e um ‘adoecimento’ percebido pelos pais.
Já o tipo 2 é “silencioso” – e na maior parte dos casos está relacionado ao consumo excessivo de açúcares e a uma rotina que inclui muitas horas de telas, pouco tempo de atividade física, entre outros maus hábitos mais ou menos conhecidos de todos. A progressão é mais lenta – e o diagnóstico tardio aumenta a chance de complicações. O melhor a fazer, diz a médica, é prevenir. “A programação metabólica do indivíduo é bastante influenciada por hábitos inadequados desde a gestação e até os dois anos de vida. Esse período requer atenção especial”.
Além de seguir orientações nutricionais do ginecologista ou obstetra durante a gravidez, a mãe deve tentar manter o aleitamento como fonte exclusiva de alimentação do bebê até pelo menos os seis meses. “O aleitamento exclusivo é um protetor importante. Mas sabemos que nem sempre isso é possível. Por isso é importante que os pais estejam atentos à transição alimentar”. Segundo Rose Marie, não se deve acrescentar açúcares à dieta para ‘recompensar’ o bebê que deixa de mamar.
A exposição excessiva ao açúcar tem ação rápida no organismo. Sobrecarregado, o pâncreas libera doses extras de insulina. O corpo então “pede” mais açúcar – e dá início a um ciclo vicioso que pode resultar no aumento da “resistência insulínica”, porta de entrada do diabetes.
“O essencial para evitar problemas é transformar o cuidado em algo que faz parte da rotina de toda a família. Desde a primeira infância as crianças precisam conhecer e aprender a consumir frutas, verduras, legumes, proteínas e farinhas integrais em vez de farinhas brancas, gorduras e açúcares”, diz Rose Marie Linhares. “Além disso, é essencial ter atividades físicas, dormir cedo, controlar o tempo de tela e estar atento a ganhos excessivos de peso”.
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