O Avaí Futebol Clube protocolou na tarde de hoje (17/04) o pedido de recuperação judicial junto ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). A decisão foi tomada depois de detalhada análise da situação financeira do clube que identificou dívidas acumuladas de mais de R$ 107 milhões. “No último ano trabalhamos diariamente na reestruturação financeira do Avaí. Acompanhamos de perto a execução orçamentária, buscando o equilíbrio de receitas e despesas do dia a dia, não assumimos novas dívidas e estamos com os salários em dia. Apesar disso, os juros fazem o endividamento seguir crescendo. A medida adotada traz segurança para os atletas, funcionários e fornecedores do clube”, diz o presidente Júlio Heerdt. Ele explica que a negociação dos débitos vai permitir que os gestores organizem os pagamentos e trabalhem sem sobressaltos na recuperação da saúde financeira do Avaí. “Avaliamos a situação a fundo e concluímos que essa era a melhor opção possível. Vamos honrar nossos compromissos”.
O levantamento das dívidas foi feito por consultoria externa com acompanhamento de Conselheiros e mostrou que a manutenção do atual cenário inviabilizaria a recuperação financeira do clube. A situação é agravada pelo custo de juros e encargos das dívidas acumuladas e por pedidos frequentes de penhora de receitas do clube apresentados por credores.
Advogado especializado no tema, Marcos Andrey de Sousa diz que a recuperação judicial permite a credores e devedor negociarem a melhor solução para as dívidas acumuladas. Depois que o judiciário aceitar o pedido do clube, será necessário ter um plano de pagamentos aprovado pelos credores. “Eles terão a segurança jurídica de recebimento dessas dívidas”.
Andrey diz que há um número crescente de empresas e associações, como os clubes de futebol, utilizando a recuperação judicial. “Antigamente era muito comum os gestores acreditarem na possibilidade de rolar dívidas indefinidamente. Isso mudou bastante com o avanço e a digitalização dos meios de cobrança. Hoje o judiciário faz a penhora de receitas diretamente na conta bancária do devedor”. Por outro lado, diz, a legislação brasileira sobre o tema é moderna e foca em preservar a capacidade de atuação do recuperando, o que é essencial para que os credores recebam seus pagamentos.
Segundo o presidente Júlio Heerdt, o apoio da torcida e dos sócios será fundamental nesse momento. “O ano do centenário será também o ano da reconstrução do Avaí, de preparar o clube para as próximas décadas. Por isso precisamos do apoio da arquibancada para termos os resultados que esperamos em campo e podermos seguir com esse trabalho fundamental para o futuro do Leão da Ilha”.