Uma pesquisa recente revelou um dado alarmante sobre a Lagoa da Conceição, um dos principais cartões-postais de Florianópolis. Cientistas identificaram que a concentração de cocaína na água está entre as mais altas já registradas no mundo. Além disso, foram encontradas diversas outras substâncias, como cafeína, antibióticos e analgésicos.

A pesquisa, conduzida por especialistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), analisou a presença de 35 “contaminantes emergentes” – substâncias comuns no dia a dia, como produtos de higiene e medicamentos, que acabam sendo despejadas no meio ambiente. O estudo mostrou que os índices da droga e seu metabólito, a benzoilecgonina, são extremamente elevados. Os pesquisadores acreditam que a principal causa seja o descarte irregular de esgoto e a poluição causada por embarcações e outras atividades humanas.
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A contaminação preocupa ambientalistas e especialistas em saúde pública, pois pode afetar tanto a fauna e flora da região quanto a qualidade da água para os frequentadores. Embora os índices de cocaína tenham chamado atenção, os cientistas destacam que a presença de antibióticos como ciprofloxacina e clindamicina também é preocupante. Essas substâncias podem afetar o ecossistema local, colocando em risco peixes, siris e outros organismos da lagoa.

A Secretaria do Meio Ambiente de Florianópolis reconheceu que os resultados refletem os impactos das atividades humanas e afirmou que tomará medidas para enfrentar o problema. A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), responsável pelo tratamento de água na região, declarou que os contaminantes identificados não têm relação com os efluentes tratados pela empresa e que o monitoramento da lagoa já ocorre desde um desastre ambiental em 2021.

Sobre a balneabilidade, os pesquisadores explicam que essas substâncias não são avaliadas nos testes que determinam se a água é própria para banho. Atualmente, a qualidade da água é analisada com base na presença de coliformes fecais, e na última medição, dois dos nove pontos da lagoa estavam impróprios para banho.
O estudo faz parte de um programa de recuperação ambiental proposto após o rompimento da lagoa artificial de infiltração que recebia efluentes tratados da estação de esgoto local. A pesquisa, que conta com apoio do Ministério da Agricultura e financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Santa Catarina (Fapesc), foi publicada na revista Science of the Total Environment.
Especialistas alertam que os dados reforçam a necessidade de melhorias no saneamento da região para evitar a contaminação da lagoa. Além dos contaminantes já identificados, outros poluentes como metais pesados também podem estar presentes na água, trazendo riscos não apenas para os animais, mas também para os banhistas e pescadores que utilizam a lagoa diariamente.
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