Um marco para a pesquisa científica no Brasil aconteceu no Sul da Ilha, em Florianópolis. Um louva-deus raro, da espécie Vates phoenix, foi identificado pela primeira vez na região. O responsável pela descoberta é Gabriel de Almeida Ponte Gomes, estudante de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que realizou a observação durante uma expedição noturna em novembro de 2022, em uma mata próxima à Lagoa do Peri.
O Vates phoenix é um louva-deus único, com cerca de sete centímetros de comprimento, corpo listrado, formato de folha nas pernas traseiras e um pequeno chifre na cabeça que se assemelha a uma coroa. Este foi o primeiro registro de um macho da espécie na natureza no Brasil, já que anteriormente havia apenas observações de fêmeas em museus ou coletadas por armadilhas luminosas.
Como a Descoberta Aconteceu
Gabriel estava acompanhado pelo colega Djonatan Artur Rosemann quando o inseto foi encontrado, camuflado nas árvores. Após a captura, Gabriel identificou o louva-deus como pertencente ao gênero Vates, que até então não tinha registros na Ilha. Mais tarde, confirmou que se tratava da espécie phoenix, sendo o primeiro registro no Sul do país.
A descoberta foi fundamental, já que esta espécie é nativa e endêmica da Mata Atlântica, ou seja, só pode ser encontrada nessa região geográfica. Para identificar o animal, Gabriel utilizou o aplicativo de ciência cidadã iNaturalist, que permite o registro e a comparação de espécies com a ajuda de outros usuários. Foi por meio da análise de imagens e dados do aplicativo que ele confirmou a presença da espécie no bioma.
Importância da Vates phoenix
O Vates phoenix é quase um símbolo da Mata Atlântica. Seu pequeno chifre, que aparenta ser a ponta de um galho, auxilia na camuflagem em meio às árvores, tornando-o quase invisível. A espécie desempenha um papel importante no equilíbrio dos ecossistemas, controlando populações de moscas, mosquitos e baratas.
Apesar disso, os louva-deus são considerados um “grupo fantasma” na pesquisa científica. Não possuem substâncias químicas que atraiam o interesse para aplicações humanas e, por isso, são pouco estudados. Essa falta de atenção pode levar à extinção de espécies sem que seu papel na natureza seja compreendido, especialmente devido à destruição de habitats.
A Pesquisa
Após a coleta, o louva-deus foi levado para o Laboratório de Sistemática de Diptera da UFSC, onde foi observado e alimentado até sua morte natural, 26 dias depois. A pesquisa resultou em um artigo científico publicado em outubro de 2024, destacando a importância do registro e da preservação da espécie.
O trabalho também contou com a colaboração do professor Luiz Carlos de Pinho, da UFSC, e de Leonardo Lanna, fundador do Projeto Mantis, que realiza expedições em florestas tropicais para estudar louva-deus.
A descoberta evidencia a necessidade de mais estudos sobre esses insetos e reforça a importância da preservação da Mata Atlântica, um bioma essencial para a sobrevivência da Vates phoenix e tantas outras espécies ainda pouco conhecidas.
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