Um estudo desenvolvido pela UFSC em parceria com o Tribunal de Contas de Santa Catarina revelou que 90% dos municÃpios catarinenses possuem menos de um médico por mil habitantes, evidenciando a desigualdade no acesso à saúde no estado. Enquanto as regiões metropolitanas contam com até 12 médicos para cada mil habitantes, nas cidades do interior essa relação é inferior a um profissional, refletindo a vulnerabilidade de populações em áreas mais afastadas.
O levantamento traçou um panorama sobre a telessaúde, destacando seu potencial para minimizar os desafios do atendimento médico em locais com poucos recursos. A pesquisa, baseada no conceito da Organização Mundial da Saúde, considera telessaúde como o uso de tecnologias como internet, videoconferências e aplicativos móveis para consultas, diagnósticos, monitoramento e apoio aos profissionais de saúde.
Apesar de Santa Catarina ter uma média geral de 3,05 médicos por mil habitantes, acima da média nacional de 2,41, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico recomenda que o ideal seja 3,5 médicos por mil habitantes. A situação se torna ainda mais crÃtica em municÃpios menores, onde 55% têm menos de 10 mil habitantes, e 90% possuem populações inferiores a 50 mil, segundo o Censo do IBGE de 2022.
O estudo revelou dados promissores sobre o impacto da telessaúde nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Em Santa Catarina, as 1.114 UBSs localizadas nos municÃpios com até 50 mil habitantes realizam cerca de 7.261 atendimentos diários, sendo 20% via telessaúde, o que corresponde a aproximadamente 1.500 atendimentos diários. Essa modalidade de atendimento evita 900 deslocamentos por dia para exames, gerando uma economia anual estimada em R$ 70 milhões, principalmente em cidades menores.
Outro destaque do levantamento foi a contribuição da telessaúde para a redução de filas de atendimento. Exemplos incluem a eliminação da fila para exames de espirometria em um ano e a contenção de demandas na dermatologia. Com a popularização de equipamentos cada vez mais acessÃveis e fáceis de usar, essa tecnologia vem ganhando espaço como uma solução eficaz para otimizar os recursos da saúde pública.
A reunião de apresentação do estudo contou com a presença de representantes da UFSC e do Tribunal de Contas de Santa Catarina, que destacaram o papel essencial da telessaúde na garantia de atendimento digno, especialmente para os cidadãos mais vulneráveis. Os desafios, no entanto, permanecem: entre eles, a necessidade de encontrar plataformas eficientes para o gerenciamento dos serviços e a ampliação do alcance dessa ferramenta em todo o estado.
A pesquisa reforça a importância de polÃticas públicas voltadas para a democratização do acesso à saúde, utilizando a tecnologia como aliada para enfrentar as desigualdades regionais em Santa Catarina.
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