Florianópolis, a bela capital catarinense conhecida por suas praias deslumbrantes e paisagens encantadoras, enfrenta uma ameaça iminente que coloca em xeque a existência de parte de seus territórios. Segundo um alarmante relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a cidade costeira pode ser “engolida” pelo mar até o final do século devido ao aumento do nível do oceano, um fenômeno diretamente associado às mudanças climáticas.
O levantamento, conduzido pela plataforma Human Climate Horizons (HCH), em colaboração com a ONU e o Laboratório de Impacto Climático (CIL), revela que até 3,74% da população de Florianópolis corre o risco de ter suas residências afetadas por essa crescente ameaça até o ano de 2100, caso o pior cenário de aquecimento global se concretize.
Os números são ainda mais preocupantes quando se considera um horizonte temporal mais curto. Até 2050, quase 1,55% dos moradores da cidade, mais de 8 mil pessoas de acordo com os dados atuais do IBGE, podem estar vivendo em áreas sujeitas à submersão. A capital catarinense, assim como outras regiões costeiras, está na mira da conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), que começou nos Emirados Árabes.
O estudo da ONU aponta um aumento previsto do nível do oceano em Florianópolis, chegando a 24 centímetros até 2050 e a alarmantes 65 centímetros até 2100, considerando o pior cenário de aquecimento global. Especialistas advertem que cada centímetro adicional pode resultar em avanço horizontal de aproximadamente um metro da água em direção à cidade.
A professora de Oceanografia e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Regina Rodrigues, destaca a urgência de ações em duas frentes: mitigação e adaptação. A mitigação, que inclui a redução de emissões de carbono, é vista como um desafio global, mas Rodrigues ressalta que ações locais, como a melhoria do transporte coletivo, podem contribuir significativamente.
No âmbito da adaptação, a proteção de áreas vulneráveis ao avanço do mar, ressacas e erosão é crucial. A preservação de ambientes naturais, como mangues e dunas, é apontada como uma estratégia fundamental para a proteção contra os impactos devastadores.
Enquanto a prefeitura de Florianópolis afirma estar elaborando um plano para redução de emissões, especialistas sugerem que medidas mais enérgicas, incluindo a possível realocação de populações em áreas de alto risco, podem ser inevitáveis.
O alerta não é exclusivo para Florianópolis. Outras cidades costeiras, como Rio de Janeiro e Santos, também estão na mira do aumento do nível do mar, com o potencial de verem partes significativas de suas áreas urbanas submersas. O impacto global das mudanças climáticas nas regiões costeiras é cada vez mais evidente, exigindo ações imediatas para enfrentar essa ameaça crescente. A beleza natural de Florianópolis está agora sob a sombra de um futuro incerto, à medida que a cidade luta para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas globais.
Nesse cenário de urgência climática, a cidade se vê diante de um desafio monumental. A prefeitura, em resposta ao alerta da ONU, afirma já ter ações em curso para combater o aquecimento global e suas consequências. Entre as medidas citadas estão a redução de poluentes por meio de tecnologias aplicadas no sistema de coleta e tratamento de resíduos, assim como a preservação de extensas áreas de mata nativa, responsáveis pelo sequestro anual de milhões de toneladas de carbono.
A pasta de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ressalta que está estruturando um plano abrangente com foco na redução das emissões de gases do efeito estufa, identificação de áreas sensíveis e vulneráveis, além de medidas de adaptação e conscientização ambiental. No entanto, a pressão sobre autoridades e gestores locais aumenta à medida que os cientistas clamam por ações mais contundentes.
Florianópolis, conhecida por sua cultura vibrante e belezas naturais, enfrenta agora um futuro incerto, onde a linha tênue entre preservação e adaptação se torna mais evidente do que nunca. A conscientização da população e a colaboração entre setores público e privado tornam-se fundamentais para enfrentar esse desafio complexo e garantir que a cidade, e outras em situação semelhante, possam encontrar soluções sustentáveis e resilientes diante das mudanças climáticas que moldarão o seu destino nas próximas décadas. O relógio está correndo, e Florianópolis se torna um microcosmo das implicações mais amplas das mudanças climáticas globais, exigindo ação imediata e efetiva para proteger o futuro de suas comunidades e de seu patrimônio natural.