A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu uma extensa investigação sobre irregularidades envolvendo a exploração dos estacionamentos rotativos de Florianópolis, a chamada Zona Azul. A apuração apontou que, entre 2013 e 2019, a empresa responsável pelo serviço deixou de repassar aproximadamente R$ 20 milhões aos cofres municipais, o que resultou no indiciamento de 12 pessoas por crimes como peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A empresa foi contratada em 2013 para administrar o sistema de estacionamento rotativo até 2019. Durante esse período, o valor arrecadado em espécie, que representava quase metade do faturamento mensal — cerca de R$ 500 mil —, foi omitido dos relatórios financeiros. Segundo o inquérito, esses recursos foram usados para adquirir bens luxuosos, pagar despesas pessoais e propinas, sem que houvesse o devido repasse ao município. A investigação também indicou que o servidor encarregado da fiscalização não tomou as medidas necessárias para corrigir a situação.
As investigações tiveram início em 2018, após a empresa solicitar um reajuste contratual, alegando dificuldades financeiras. No entanto, a análise revelou que a companhia era lucrativa e utilizava um esquema de lavagem de dinheiro com o uso de empresas fantasmas e laranjas. Em 2019, uma CPI da Câmara de Vereadores foi instaurada para investigar o caso, e tentativas de ocultar provas por parte dos gestores da empresa foram frustradas pela comissão.
Ao longo da investigação, a Polícia Civil cumpriu 48 mandados de busca e apreensão, além de sequestrar bens dos envolvidos para garantir a reparação financeira ao município. Computadores, documentos e dados bancários foram analisados, permitindo a descoberta da complexa rede de fraudes.
Em resposta, a prefeitura de Florianópolis destacou que o caso ocorreu em gestões anteriores e que a atual administração está revisando todos os contratos do município para prevenir novas irregularidades. Além disso, foi criada, em 2023, uma controladoria geral para garantir maior transparência nas relações contratuais.
As pessoas indiciadas seguem à disposição da Justiça, enquanto o processo para recuperação dos valores desviados está em andamento.
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