A Justiça de Santa Catarina bloqueou R$ 500 mil distribuídos em 96 contas bancárias ligadas à VR Brasil, empresa sediada em São José e acusada de operar um esquema de pirâmide financeira com a venda fraudulenta de cotas imobiliárias. Além disso, foram tornados indisponíveis nove imóveis e confiscados 54 veículos – incluindo carros de luxo – e seis embarcações.
A VR Brasil teria causado um prejuízo de aproximadamente R$ 1 bilhão a cerca de 3 mil investidores. A empresa está sendo investigada pela Delegacia de Defraudações da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), que agora analisa os dados bancários dos suspeitos. O delegado lamentou a demora na adoção de medidas judiciais, afirmando que, se o bloqueio tivesse ocorrido oito meses antes, os valores recuperados poderiam ter sido até R$ 2 bilhões.
Investigação e bloqueios
O inquérito apura se os investigados transferiram bens para terceiros para evitar os bloqueios judiciais. A Polícia Civil pretende recuperar o máximo possível dos valores desviados para ressarcir as vítimas. A investigação começou em junho de 2024, um mês após a morte do fundador da VR Brasil, Márcio Ramos, que faleceu em um acidente de moto em Florianópolis.
Mesmo já havendo indícios de fraude, a investigação enfrentou um impasse jurídico, pois nem a Justiça Federal nem a Estadual se consideravam responsáveis pelo caso. Apenas no fim de 2024 o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a competência era da Justiça Estadual. Com isso, os trabalhos avançaram e as primeiras medidas foram autorizadas.
Após a morte de Ramos, a gestão da VR Brasil passou para sua esposa, Monique Baumgartner, e outros gerentes da empresa. No entanto, todos passaram a culpar o fundador pelo colapso financeiro. Agora, Monique, ex-gerentes e ex-sócios de Ramos estão sendo investigados por estelionato – na modalidade de pirâmide financeira –, crimes contra a economia popular, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Segundo o delegado, pelo menos 12 pessoas físicas e 16 empresas estão sob investigação. O golpe não atingiu apenas vítimas em Santa Catarina, mas também pessoas em outros estados e até no exterior.
Associação de vítimas e histórias de prejuízo
Diante da dimensão do golpe, as vítimas criaram a Associação dos Cotistas Lesados pela VR Brasil para dividir custos processuais e buscar ressarcimento. Uma das vítimas chegou a perder R$ 140 mil que havia guardado para seu casamento.
Outra vítima investiu R$ 550 mil na VR Brasil após vender sua casa.
O patrimônio da VR Brasil e a tentativa de recuperação judicial
A VR Brasil tenta reverter a crise por meio de um pedido de recuperação judicial, mas a solicitação foi negada pelo juiz Luiz Henrique Bonatelli. A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) e aguarda decisão.
Os advogados da empresa afirmam que há patrimônio suficiente para ressarcir os investidores. Os principais bens listados incluem o Bombas Resort, adquirido um dia antes da morte de Ramos, e o hotel Termas do Tabuleiro, em fase de construção. No entanto, a empresa que vendeu o Termas do Tabuleiro alega que o contrato foi rescindido por falta de pagamento.
A Polícia Civil segue investigando a estrutura do esquema e busca comprovar que os investigados transferiram bens para terceiros para escapar da Justiça.
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