A Praia da Galheta, em Florianópolis, está no centro de um intenso debate sobre a prática do naturismo. Frequentadores do local cobraram um plano de manejo, fiscalização adequada e uma lei específica para regulamentar o nudismo na área, que já ocorre há mais de 20 anos. O tema foi discutido em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), onde naturistas e autoridades expuseram suas visões sobre a situação da praia.
A luta dos naturistas
A principal reivindicação dos naturistas é a criação de uma legislação clara que reconheça o naturismo na Praia da Galheta. Eles argumentam que a falta de regras tem levado a problemas como insegurança, assédio e degradação ambiental. Além disso, cobram a publicação do Plano de Manejo, que já foi elaborado, mas nunca entrou em vigor.
Defensores da prática destacam que o naturismo promove harmonia com a natureza e um ambiente de respeito entre os frequentadores. Eles também denunciam que, desde a retirada da autorização legal para o naturismo em 2016, aumentaram os casos de crimes na região, incluindo furtos, assaltos, consumo de drogas e até turismo sexual. Para os praticantes, a presença do poder público e regras bem definidas ajudariam a coibir esses problemas sem criminalizar quem adota o naturismo de forma responsável.
O papel das forças de segurança
Autoridades municipais e estaduais destacaram a preocupação com a segurança na Praia da Galheta e em suas trilhas de acesso. A Polícia Militar informou que reforçou o policiamento na região durante a Operação Verão e que usará drones para monitoramento. No entanto, ressaltou que manter uma presença fixa na praia é inviável. Já a Polícia Civil afirmou que, como não há autorização para o naturismo no local, a prática será coibida.
A vice-prefeita de Florianópolis relatou que, em visitas à Galheta, encontrou a área em situação precária, com lixo, trilhas depredadas e sinais de uso indevido do espaço. Segundo ela, a prefeitura trabalha para reordenar a praia e garantir um ambiente seguro e acessível para todos os frequentadores.
Reordenamento da Praia da Galheta e possível mudança de local
O Ministério Público Federal (MPF) tem atuado na questão e recentemente obteve uma decisão judicial determinando a retirada de construções irregulares da Praia Mole, vizinha à Galheta. O MPF defende que ambas as praias sejam tratadas de forma integrada, com ações para recuperação ambiental e melhoria da segurança.
O órgão também sugeriu um estudo para avaliar a possibilidade de transferir a prática do naturismo para outra praia da Ilha de Santa Catarina, onde poderia haver melhor controle e estrutura para receber os adeptos.
Homofobia e violência preocupam frequentadores
Outro ponto levantado na audiência foi a denúncia de ataques homofóbicos contra a comunidade LGBTQIA+ que frequenta a Galheta. Foram exibidas fotos de pichações com ameaças explícitas na praia. Representantes da comunidade alertaram que o problema da violência não se restringe à Galheta e que práticas ilícitas ocorrem em diversos outros pontos da cidade, sem a mesma repressão.
Projeto de lei para regulamentar a Galheta
Diante do embate de opiniões, um projeto de lei para regulamentar o uso da Praia da Galheta está sendo elaborado. O objetivo é garantir um regramento claro para o espaço, conciliando preservação ambiental, segurança e respeito à prática do naturismo.
O consenso entre os participantes da audiência pública é que a Galheta precisa de mais atenção e organização por parte do poder público. Naturistas, ambientalistas, autoridades e comunidade buscam uma solução para tornar a praia um ambiente seguro e acessível para todos, preservando sua identidade e seus valores.
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