Uma pesquisa realizada pela nutricionista Rafaela Bertolazi Maritan, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trouxe à tona a realidade dos alimentos industrializados rotulados como “caseiros”. O estudo, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC, mostrou que a maioria desses produtos, comercializados com apelo ao termo caseiro, na verdade, são ultraprocessados, contendo altos níveis de açúcar, sal e gorduras.
Ao analisar produtos vendidos em supermercados de Florianópolis, Rafaela comparou os ingredientes listados nos rótulos com aqueles utilizados em receitas culinárias tradicionais, retiradas de um dos livros mais conhecidos da culinária brasileira, Dona Benta: Comer Bem. O resultado foi alarmante: alimentos que prometem ter o sabor e o preparo de casa estão repletos de aditivos e substâncias químicas que alteram cor, sabor e textura, distantes das receitas tradicionais feitas com ingredientes naturais.
O termo “caseiro”, utilizado de forma estratégica nas embalagens, parece ser uma tentativa de convencer os consumidores de que esses alimentos são mais saudáveis do que realmente são. Segundo o estudo, a falta de regulamentação específica sobre o uso do termo “caseiro” em alimentos industrializados abre margem para essa prática, que pode induzir o consumidor ao erro.
A pesquisa também apontou que quase metade dos produtos analisados pertence à categoria de pães, bolos, biscoitos e massas, sendo a maior parte deles ultraprocessada, conforme definição do Guia Alimentar para a População Brasileira, que recomenda evitar o consumo desses produtos.
Rafaela Bertolazi conclui que o uso do termo “caseiro” deveria ser melhor regulamentado para evitar que os consumidores sejam enganados e que novas políticas deveriam ser implementadas para garantir maior transparência nas embalagens. O estudo, defendido como dissertação de mestrado, reforça a importância de conscientizar o público sobre os verdadeiros ingredientes por trás dos alimentos vendidos como “feitos em casa”.
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