A população em situação de rua em Santa Catarina teve um aumento expressivo nos últimos dois anos, saltando de 5.678 pessoas em 2021 para 9.989 em dezembro de 2023, um crescimento de 76%. Esse índice supera a média nacional de 65,5% no mesmo período.
Florianópolis, com 2.749 pessoas vivendo nessa condição, lidera em números absolutos, representando 27,5% do total estadual.
A Grande Florianópolis, como um todo, concentra 35% da população em situação de rua de Santa Catarina, destacando a relevância da região no enfrentamento do problema.
Entre os dez municípios com os maiores índices, Florianópolis é acompanhada por Joinville (1.116), Itajaí (644), Blumenau (504), Balneário Camboriú (428), Lages (397), Criciúma (375), São José (338), Tubarão (273) e Palhoça (217).
Criciúma lidera crescimento proporcional
Embora Florianópolis tenha o maior número absoluto, Criciúma registrou o maior aumento proporcional, quase triplicando o contingente, com um crescimento de 175,74%. Florianópolis aparece logo atrás, com um aumento de 109,23%. Outras cidades que tiveram crescimento acima de 90% incluem Palhoça (102,8%), Balneário Camboriú (94,55%) e Itajaí (92,81%).
Perfil da população em situação de rua
De acordo com o levantamento, 61,4% das pessoas em situação de rua no estado se declaram brancas, enquanto 37,6% são negras. Homens representam 89% dessa população, e 14% possuem algum tipo de deficiência. A maioria tem ensino fundamental incompleto (42,3%), e apenas 3,8% possuem ensino superior incompleto ou completo. Quanto à faixa etária, 47,9% têm entre 18 e 39 anos, 45,2% entre 40 e 59 anos, e 5,8% são idosos.
O papel do Cadastro Único e a falta de políticas estruturantes
O crescimento significativo foi impulsionado pelo fortalecimento do Cadastro Único, principal ferramenta de registro e acesso a políticas sociais, como o Bolsa Família. No entanto, especialistas apontam que a ausência de políticas públicas estruturantes, como moradia acessível, educação inclusiva e oportunidades de emprego, contribuem para o agravamento da situação.
Envio de pessoas de outras regiões
Em 2024, foi apurado que algumas cidades de outros estados, como Bahia e São Paulo, enviaram pessoas em situação de rua para Florianópolis, o que pode ter influenciado os números da capital.
O que está sendo feito?
As prefeituras das principais cidades têm adotado diferentes medidas para enfrentar o problema. Florianópolis oferece cerca de 500 vagas em abrigos, além de alimentação gratuita pelo Restaurante Popular e encaminhamentos para serviços de saúde mental. São José mantém uma equipe multidisciplinar para acompanhamento, com internação involuntária nos casos mais graves.
Criciúma, que lidera o crescimento proporcional, está atualizando os cadastros da população em situação de rua e estruturando ações para melhorar o atendimento. Palhoça aposta em um centro de abordagem social e abrigos institucionais, enquanto Itajaí elabora projetos voltados para solucionar os desafios crescentes.
Outras cidades, como Joinville e Tubarão, ampliam serviços de acolhimento, reinserção no mercado de trabalho e assistência psicossocial.
Desafios e perspectivas
Santa Catarina enfrenta o desafio de lidar com o aumento da população em situação de rua em meio à complexidade de fatores sociais e econômicos. Apesar dos esforços das prefeituras e do governo estadual, que reconhece o impacto de características específicas, como a acolhida de imigrantes e trabalhadores de outras regiões, especialistas defendem que a solução requer políticas públicas mais abrangentes e estruturantes para garantir moradia, emprego e dignidade a essas pessoas.
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