A Praia da Galheta, em Florianópolis, conhecida internacionalmente como espaço de prática do naturismo há mais de 40 anos, está no centro de um intenso debate. Policiais militares têm realizado rondas no local e orientado os banhistas a utilizarem roupas, gerando críticas de defensores do movimento naturista.
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Conflito de entendimentos sobre a lei
Embora a tradição de nudismo na Galheta seja consolidada, a legislação municipal atual não reconhece a prática como permitida. Em 2016, uma lei que transformou a área em Monumento Natural Municipal da Galheta revogou a autorização específica para o naturismo. A prefeitura e a Polícia Militar afirmam que a praia está sujeita às mesmas normas dos outros balneários, aplicando-se a regra geral que exige o uso de vestimentas.
Por outro lado, representantes do movimento naturista e da Associação Amigos da Galheta discordam dessa interpretação. Para eles, a legislação não é clara sobre a proibição do naturismo, e o local, por sua tradição e reconhecimento internacional, deveria ser regulamentado como espaço oficial para a prática.
Tradição e desafios
O movimento naturista na Praia da Galheta remonta à década de 1980 e prega valores como autorrespeito, preservação da natureza e autoconhecimento. A praia, acessível apenas por trilha, tornou-se símbolo dessa filosofia de vida, atraindo adeptos do mundo inteiro.
Entretanto, os naturistas apontam que a presença de frequentadores alheios ao movimento tem gerado problemas, como práticas inadequadas e até atos obscenos. Um abaixo-assinado foi organizado para solicitar maior policiamento e coibir ações que desrespeitem as normas éticas do naturismo.
Posicionamento da Polícia Militar
A Polícia Militar reforça que atua conforme a legislação vigente. Em casos de denúncias, rondas são realizadas para orientar banhistas sobre o uso de roupas e, se necessário, boletins de ocorrência são confeccionados. A operação de verão inclui o uso de drones e intensificação da presença policial na região.
Caminhos para o futuro do naturismo
Advogados da associação naturista estudam medidas legais para garantir a prática do naturismo na Galheta. Além disso, o Plano de Manejo da área, ainda em fase de finalização, poderá incluir regras mais claras sobre o uso da praia e o impacto do movimento na região. Paralelamente, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que visa regulamentar o naturismo em todo o país, o que poderia trazer maior segurança jurídica para os adeptos.
Enquanto isso, a polêmica persiste, refletindo um embate entre a tradição cultural e o rigor da legislação. A Praia da Galheta segue sendo palco de discussões sobre direitos, preservação e convivência, em busca de um consenso que atenda aos interesses da comunidade local e dos naturistas.
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