Florianópolis tem inúmeras trilhas que levam a alguns dos lugares mais bonitos da ilha, mas que são inacessíveis a quem tem mobilidade reduzida, seja por alguma deficiência ou em função de questões de saúde, e também para muitos idosos e crianças. Foi pensando nesses públicos que alunos e professores do curso técnico em Guia de Turismo do Câmpus Florianópolis-Continente estão desenvolvendo um projeto para filmar todo o percurso e guiamento até a praia da Lagoinha do Leste em 360 graus e depois disponibilizar para acesso pela internet. O material terá interpretação em Libras e poderá ser visto com ou sem óculos de realidade virtual.
A ideia surgiu há alguns anos, conta Fábio da Luz Zarembski, estudante do curso e gerente do projeto, quando ele era voluntário em uma instituição de tratamento de pessoas com câncer. “Assistindo ao filme Patch Adams, em que se fala que tirar a pessoa daquela realidade de hospital ajuda na melhora, pensei que os óculos de realidade virtual poderiam levar aqueles pacientes para um outro local, ajudá-los”, afirma. Naquele momento, a ideia ficou só na sua cabeça, até este ano, quando surgiu o edital IFSC de Ideias Inovadoras.
Fábio convidou os colegas Maitê Coelho Florindo, Mateus Fernando Berger Amorim, Renato Monteiro Franke e a professora Liz Ribas como mentora. Todos toparam na hora e assim nasceu a proposta, que foi batizada com um nome bem sugestivo: Projeto Maomé: “Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai a Maomé”– soluções tecnológicas para levar a “montanha” para pessoas com mobilidade reduzida.
“Assim que ele me convidou achei uma ideia super boa, além de ser uma equipe multidisciplinar, já que todos alunos têm formações anteriores. Então, cada um tem conhecimento em uma área e todas essas áreas juntas se relacionam”, afirma Maitê.
A proposta foi uma das quatro de todo o IFSC contempladas com recursos financeiros do Desafio de Ideias Inovadoras. Também foram convidados a participar do projeto os professores Luís Lindner, que trabalha com tecnologias para educação e tem experiência em audiovisual, e Uéslei Paterno, com a tradução e interpretação em Libras.
O que esperar
A escolha pelo Parque Natural Municipal da Lagoinha do Leste levou em consideração a dificuldade de acesso ao local. “Neste primeiro momento estamos buscando autorizações necessárias por ser uma unidade de conservação. Vamos trabalhar também com a Floram para que se tenha essa contextualização sobre um ambiente natural protegido”, explica Liz.
Durante as filmagens será feito o guiamento, com interpretação ambiental e histórico-cultural, com foco no lazer e na conservação. “Também queremos oportunizar a quem estiver assistindo momentos contemplativos, para que a pessoa também tenha o sentido de completude ao chegar no final da trilha. Nós fomos e sabemos disso, e queremos dar essa oportunidade a quem for assistir.
Luís explica que neste início de projeto, a equipe está fazendo testes com os equipamentos e com as formas de gravação. “Não é simples capturar em 360 graus. É um outro tipo de visão. Você não tem aquele frame retangular de filmar para uma tela estática, porque tudo pode ser visto em qualquer momento. E ele é pensado para seguir o movimento do óculos na cabeça. Então também é algo que tem que se experimentar.”
O material poderá ser visto por qualquer pessoa com celular ou computador com acesso a Internet, mas como as gravações serão feitas em 360 graus, o uso de óculos de realidade virtual proporcionará uma experiência mais imersiva e realista.
A previsão de conclusão do projeto é no primeiro semestre de 2024.