Já tentou andar no escuro e ainda assim saber para onde ir? Isso acontece porque nosso cérebro constrói um mapa mental baseado nos nossos próprios movimentos. Agora, um estudo realizado com participação da UFSC mostrou que os camundongos também fazem isso!
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade de Ottawa descobriram que esses pequenos roedores são capazes de criar um mapa interno para se localizar, mesmo sem usar referências visuais. A pesquisa foi publicada na revista internacional eLife e está sendo considerada um avanço importante para a biologia, neurociência e até para a inteligência artificial.
Como funciona esse “GPS interno”?
Os cientistas explicam que o cérebro humano e o dos camundongos possuem neurônios que registram a posição e os movimentos. Isso significa que, ao se deslocar, o cérebro não apenas percebe a mudança de lugar, mas também cria um mapa interno do caminho percorrido.
Imagine que você vá a um mercado desconhecido com os olhos vendados. Na primeira tentativa, você pode se perder, mas, na segunda vez, já terá uma noção melhor de direção e distância. Esse mecanismo acontece automaticamente no cérebro e, até agora, acreditava-se que era exclusivo dos humanos. Mas o estudo revelou que os camundongos também têm essa habilidade.
Como os camundongos foram testados?
Os pesquisadores criaram um labirinto com cem buracos, onde escondiam comida. Os camundongos foram treinados para encontrar o alimento, mas havia uma diferença importante:
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Alguns sempre entravam pela mesma porta do labirinto.
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Outros usavam portas diferentes a cada tentativa.
O resultado foi surpreendente! Apenas os que entravam pela mesma porta conseguiam memorizar rapidamente onde estava a comida. Isso mostrou que os camundongos construíram um mapa mental baseado na trajetória percorrida, e não em referências visuais.
Depois, os cientistas mudaram a entrada dos camundongos treinados. O que aconteceu? Eles não procuraram a comida no lugar exato onde estava antes, mas em um ponto equivalente dentro da nova configuração do labirinto. Isso comprovou que estavam usando seu “GPS interno” para se orientar.
Em um teste final, os roedores aprenderam a procurar comida em um novo local e, depois de algumas tentativas, começaram a criar atalhos entre os pontos. Isso só seria possível se tivessem um mapa mental interno!
Impactos do estudo na tecnologia e na inteligência artificial
A descoberta vai além da biologia. Saber como o cérebro cria mapas internos pode ajudar no desenvolvimento de novas tecnologias, como sistemas de navegação para robôs e até dispositivos que auxiliem pessoas cegas a se locomoverem.
Além disso, entender como os camundongos criam seus mapas mentais pode levar a avanços na inteligência artificial, tornando-a mais parecida com o funcionamento do cérebro humano.
Os pesquisadores também desenvolveram uma ferramenta computacional chamada TEV (Target Estimation Vector), que ajuda a medir e quantificar a memória espacial dos camundongos. Essa ferramenta pode ser essencial para futuros estudos sobre como os neurônios formam mapas cognitivos.
O próximo passo da pesquisa
Agora, os cientistas querem entender exatamente como os neurônios responsáveis por essa habilidade funcionam. Novos experimentos estão sendo realizados no Canadá para registrar a atividade cerebral dos camundongos enquanto eles se movem.
A UFSC segue na linha de frente desse estudo inovador, que pode abrir portas para grandes avanços na ciência e na tecnologia.
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