A Câmara Municipal de Florianópolis analisa a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Industrial, proposta pelo vereador Leonel Camasão (PSOL). O objetivo da iniciativa é fomentar o debate sobre o uso do cânhamo e seus derivados como matéria-prima para impulsionar a economia de forma ecológica e sustentável, explorando o grande potencial da planta.
Diferente do enfoque predominante no uso medicinal da cannabis no Brasil, a proposta visa incentivar pesquisas, debates e o desenvolvimento de startups que utilizem a fibra da planta em diversos setores industriais. Produtos como cosméticos, plásticos biodegradáveis, tecidos e papel são exemplos de como o cânhamo pode substituir materiais convencionais com grandes vantagens ambientais.
Os benefícios ecológicos do cânhamo são expressivos. Segundo o centro Hudson Carbon, a planta pode capturar até 16 toneladas de dióxido de carbono por hectare anualmente. No setor têxtil, ela consome significativamente menos água: são necessários 2,9 mil litros para produzir 1 kg de cânhamo, em comparação com os 10 mil litros necessários para o algodão.

A Frente Parlamentar busca também discutir políticas públicas de regulamentação, pesquisa e acesso seguro à cannabis. O projeto propõe a realização de debates com especialistas, gestores, empresários e cidadãos para ampliar o entendimento sobre os benefícios da planta. Florianópolis e Santa Catarina já se destacam no estudo do cânhamo industrial. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mantém o Pólo de Desenvolvimento e Inovação em Cannabis, com projetos voltados à indústria têxtil no Vale do Itajaí, além de pesquisas na medicina veterinária e na produção de biocombustíveis.
Estima-se que a ausência de regulamentação da cannabis custe ao Brasil cerca de R$ 167,8 bilhões por ano. No campo medicinal, o canabidiol, um derivado da planta, tem mostrado eficácia no tratamento de transtornos mentais, doenças degenerativas e outras condições crônicas, mas o potencial econômico vai além. Além do mercado médico, o cânhamo pode substituir materiais como plásticos e tecidos de maneira sustentável, gerando empregos e fortalecendo a economia.
A história da cannabis em Florianópolis remonta ao século XIX, quando plantações de cânhamo eram comuns no norte da Ilha de Santa Catarina. Em 1889, o então governador Felipe Schmidt incentivou o cultivo da planta, destacando sua utilidade. Há indícios de que o nome do bairro Canasvieiras tenha origem no cultivo do cânhamo, que produzia filamentos utilizados para tecidos durante o período colonial.
A criação da Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Industrial pode marcar um novo capítulo na história da capital catarinense, combinando inovação, sustentabilidade e respeito às suas raízes históricas.
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